quarta-feira, 11 de abril de 2012

Jack and Sally


Os olhos cansados se abrem para a manhã morna de fevereiro. Vestindo sua camiseta velha e surrada com o nome da banda de rock preferida dele estampada em letras tortas e pretas, ela desce as escadas do apartamento antigo e pega o jornal em sua caixa de correspondência.
Deposita-o em cima da mesa, serve um café, acende um cigarro e senta-se na cadeira ao lado da janela. Ela contempla um raro dia de sol no inverno congelante de Londres. Ele não está bem a vista, as nuvens cinzas o encobrem, mas o fraco calor é reconfortante.
O barulho dos carros, motoristas impacientes depositando sua raiva na buzina, a gritaria do vendedor de peixes, gatos miando, cachorros latindo, alguém gritando em outra língua. Isso tudo  é como musica para os ouvidos da garota de olhos miúdos e cabelos negros. Ela sabe que pertence aquele lugar. Ou talvez pertença aquele garoto alto, pálido, olhos azuis e com aquele cabelo escuro e picotado, que sorri para ela da porta, com um saco de pão nas mãos. O sorriso dele ilumina o seu dia mais do que o sol cinzento da nublada Londres. Ele deposita um beijo em seus lábios enquanto seus longos dedos de músico roubam o cigarro das mãos pequenas da garota. Ele dá uma tragada e o apaga.
Os dois preparam o café juntos. Ela lava os pratos, sujos há dois dias, enquanto ele prepara os ovos e o bacon. Se sua mãe soubesse...
Todos disseram que não duraria. Disseram a ela para não confiar no britânico de cabelos esquisitos... mas ela não ouviu. Não ouviu porque ele estava cantando sua canção nova para ela. A canção que escreveu sobre ela. Ninguém entendeu quando ela anunciou aos pais nova-iorquinos que estava partindo para a Inglaterra, e que viveria com o cantor de olhos lindos. Não entenderam porque não sabiam o que estava acontecendo.
Eles haviam se encontrado, finalmente. Qual era o problema se ela só tinha dezenove e ele ainda faria vinte e um? Eles tinham sido feitos um para o outro. Como Jack e Sally e toda a sua estranheza.
Simples assim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Esse vazio...


Se está longe, é tudo normal. Eu penso, eu ajo. Mas aí, é chegar perto ou ouvir falar que tudo congela. Parece que retrocedo no tempo. Tecnicamente há dois anos, e tudo vem à tona. Não, não é dor. A dor já se foi, graças a Deus. Mas tem o vazio, o espaço em branco. Sabe, quando você não está, eu sou uma garota normal. Eu rio, brinco, converso, falo besteiras, me divirto. Então, você aparece. Tão você, tão lindo, tão... Tão você. E eu me torno isso. Esse ser oco, sem vida. Isso não deveria ser assim. Os momentos bons não deveriam superar os ruins? Então porque é tão difícil acreditar em seus olhos? Os mesmos olhos covardes que se esconderam de mim. E que ainda se escondem, pretendendo me convencer que tudo voltou a ser como era antes. Mas... que diabos? Nada voltou a ser como era antes! Eu sei disso em cada pedaço que você quebrou em mim, e que depois de muito esforço consegui juntá-los em um saco e jogá-los em um canto escuro. De tempos em tempos – não muito longos – eu mexerico lá, com a boba esperança de que, talvez, eles tenham se consertado. Se você simplesmente não tivesse feito aquilo... hoje estaríamos trilhando um só caminho, ao invés de dois. Não pense que escrevi isso chorando. Não. Talvez no meu próximo ataque de sentimentalismo barato eu chore de novo por você. Mas não hoje. Hoje eu estou apenas oca. E sentindo a sua falta e de tudo o que eu tinha quando você fazia parte da minha vida. É, eu sinto a sua falta também, mas isso não muda nada. E eu sinto muito.

domingo, 10 de julho de 2011

She's so used

Ela está mais uma vez sentada, naquele mesmo banco, observando as mesmas pessoas passarem diante dela. A maioria a conhece. Uns dão um acenozinho discreto, outros fingem não vê-la. Ela já está tão acostumada.
Quantas vezes mesmo ela já se perguntou o que estava fazendo ali? Não sei dizer, foram muitas. Mas lhe garanto que nunca havia uma resposta verdadeira. Sempre desculpas tolas que sua própria mente criava para dar algum sentido a tudo. A verdade era que não havia motivo algum para ela estar ali. Mas ela já estava tão acostumada.
Ela chegou até um ponto em sua vida, em que ela, depois de varias experiências, sabe que nada vai mudar. Não naquele banco. Não enquanto ela observa aquelas pessoas. Será que todas elas também tiveram experiências ruins? Será que passaram pelas mesmas dores que ela? Será que tiveram noites em que não conseguiam parar de chorar? Ou era apenas ela? A garota que foi destinada a sofrer, como sua mente acusava. A isso, ela também já estava acostumada.
Pessoas vêm. Pessoas vão. Na vida dela é mais natural as pessoas irem. Eles sempre vão. Como diz aquela menina naquele seriado de TV: todo mundo sempre vai embora. Mas e quanto a ela? A garota sonhadora sentada no banco da praça da pequena cidade. Qual era o destino dela? Seria mesmo sofrer? Não. Ninguém merece um destino assim.
E quem foi que perguntou se ela merece ou não? Ela apenas terá. É o destino.

Dane-se, ela pensa, vou mudar isso. Nenhum destino idiota vai me controlar.

Mas ela não se mexe. Continua ali, no banco, observando as pessoas fingirem que não a estão vendo. Por quanto tempo ela está ali mesmo? Nem ela sabe. Já está tão acostumada.

Long night


A dor selou minha mente. Me fez deixar tudo. Agora, as noites repetem meus vacilos, atormentando meus sonhos com a imagem refigurada dos meus pecados. As coisas mais estúpidas e imperdoáveis que já fiz. Que, por razão alguma eu tornarei a praticar. Mas que me atormentam. Sem compaixão. É necessário, eu reconheço, mas também é doloroso e enlouquecedor. A dor da minha alma podre e suja. Ultrapassando qualquer forma de purificação. Quando o desespero toma a minha cama por completo, é um choro indígno e sem poder, me fazendo cair aos pés do provável Senhor que um dia dirá as palavras que eu procuro, que me farão aprender a respeitar aquilo que eu de forma ignorante e vergonhosa joguei no lixo. Quem sabe então eu serei digna e exemplar, poderei andar com meus olhos abertos, sem ter mais que esconder que, eu não sou... o que eu não consegui fazer.
 Se o Senhor compreender a minha voz e me resgatar, para que tudo o que eu fiz possa melhorar. E na primeira hora, da minha nova alma, eu direi o nome do Senhor e refarei os meus sonhos. Não importa o destino que eu queira alcançar eu não estarei sozinha e minhas preces serão fortes e o Senhor não irá arrepender-se de redesenhar minhas digitais. Pois, minhas mãos estarão limpas, porque eu estarei do lado certo.

 Senhor eu sei que, essa foi mais uma longa noite. E que agora eu estou em baixo, eu não tenho inocência, as covardias que pratiquei não estão marcadas na minha pele, mas deixam o meu caminho até o Senhor escorrer pela minha vida, assim eu estarei de fora, Senhor. Essas heranças do meu passado alongam meus pedidos de correção, eu caio mais ainda, porque não tenho méritos para segurá-lo aqui. Eu não tenho.

Por Amanda Eloy

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sister


Existem coisas que realmente não há como entender. Têm as coisas simples, como comprar um óculos de sol e o sol sumir por meses, aí quando você quebra ou perde o óculos, o bendito sol reaparece bem forte.
E há também as coisas mais complexas. Como a paixão. Em um belo dia seu coração está batendo compassado, e então um menino passa por você, e faz ele acelerar a ponto de quase sair pela boca. Ou então - deixando um pouco o óbvio, que é falar de amor e paixão, de lado - você começa a conversar com uma nova pessoa. E a medida que vocês conversam, vão vendo que há tantas coisas em comum entre vocês. E de repente aquela pessoa começa a se tornar especial pra você. De especial, ela passa a ser fundamental, e de fundamental passa a ser indispensável. Tudo o que você faz você pensa: ah, a(o) minha(o) amiga(o) vai adorar saber disso!
E mais de repente ainda aquela simples pessoa que você chamava de amiga, se tornou sua irmã. Sua alma gêmea. E você se preocupa com ela, você cuida dela mesmo à distancia, você mantém contato com ela de tudo que é jeito. E então você descobre que você significa a mesma coisa pra ela. E assim surge uma amizade verdadeira, que nem tempo, distancia, gosto ou qualquer coisa, pode destruir.
Você se descobre completamente dependente de uma pessoa que nem tem o mesmo sangue que o seu, mas que com certeza tem a mesma alma, a mesma vontade de viver, os mesmos sonhos. E é isso o que importa. Nada mais.

Homenagem à uma menina incrível, que pela graça divina, é minha amiga. Minha irmã do coração, Verônica Cheloni.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

New perspective

Andei pensando sobre tudo. Sabe, tudo mesmo. O que vivi, e o que ainda vou viver, e cheguei à conclusão de que eu estava vendo errado as coisas. Estava vendo de uma perspectiva antiga e velha. Pensava sempre que deveria sair procurando por um lugar que me trouxesse felicidade, e que, quando eu achasse meu príncipe encantado, teria um meu tão sonhado final feliz. Mas, como eu disse, estava errada. Não existe um lugar que vá me trazer felicidade, o que me faz feliz são as pessoas que eu escolho pra estarem ao meu lado e as minhas decisões. Elas é que me trarão felicidade. São aqueles amigos malucos que aceitam fazer tudo de ultima hora, que riem da cara dos outros e que te defendem até a morte. E também não existe essa historia de príncipe encantado no cavalo branco, porque ele é totalmente sem graça, inclusive seu meio de transporte. Príncipes são perfeitos demais. Em suas regras está “nunca errar”, o que é um saco. Quem quer alguém certinho do lado? Alguém que nunca comete erros e que com certeza vai aceitar os seus de cabeça baixa? Eu quero é me aventurar! Quero que ele brigue comigo quando eu fizer algo errado! Quero que ele roube uma rosa do jardim daquela senhora mal encarada e dê ela pra mim. Quero que ele pegue o carro escondido do pai dele pra gente sair no meio da noite e voltar apenas quando o dia clarear. Quero que ele me leve aquele lugar onde a entrada é proibida e me faça ter a melhor noite da minha vida. Quero que ele tire meu fôlego apenas com um olhar, que me faça rir com uma simples careta, que chegue no meio da tarde na minha casa me trazendo um cachorro quente que ele comprou do cara da esquina. Eu quero esse cara que vai me fazer feliz apenas por respirar o mesmo ar que ele. E quando eu encontrá-lo, não vai haver porcaria de final feliz algum. Vai ser apenas o começo.

Esse é o meu novo ponto de vista. A minha nova perspectiva. Vem comigo?

Anna Brettas

Pare! Me deixe começar direito. Eu quero viver a vida de uma nova perspectiva. Você vem comigo, por que amo o seu rosto! - New Perspective, Panic! At the disco

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Anna Lú Brettas

Palavras não seriam o suficiente pra descrever esse sentimento. Ele é único, e é a única coisa que me resta daquele tempo. Um tempo onde tudo era meu. Inclusive você. Não sei o que aconteceu, ainda não entendo onde nos perdemos, mas tudo mudou agora. Eu não significo mais a mesma coisa pra você e as vezes penso que você também não é mais o mesmo pra mim. Aquele essencial, aquele que nada nem ninguém substituia. Agora você é apenas mais um ao meu redor. Mas qual será o certo a fazer? Continuar seguindo assim, sem você em um pedestal no meu coração? Ou tentar voltar?
Acho que essa pergunta já tem uma resposta bem óbvia. Nada vai voltar, nem mesmo se eu quisesse. Você nao vai voltar e eu não faço questão disso.
Agora só me resta seguir o meu caminho. Meu caminho pra longe do seu.

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